Sua voz




As belezas infinitas
De nada me valem.
Meus olhos já não sentem
O zéfiro dos campos,
O nascer de Apolo
E tampouco o de Artemis.
Apenas se revelam,
Como o cantar da lira.

Assim como as heroínas gregas,
Meus versos nascem em tinta
E morrem em folhas...
Pelo tempo, pelos deuses.

Por que Eco não se manifesta
E faz ressoar essa resposta?
Por que me privas
De teus dons?

Amnésia





Lástima profunda
Não recordar dos meus sonhos.
Pois, certamente,
Sonho
com
você.


Correnteza



Uma pedra foi jogada ao rio...
Caudaloso, feroz, mortal.
Uma grande pedra...
Maior que o pensamento momentâneo.
Não sei se por causa da chuva
Ou da noite mal iluminada
Não sei se por causa dos olhos
Inundados, afogados...
Ou da imaginação rasa e ébria (de algo não identificado)
Mas me senti encharcado,
Sendo levado, ferozmente,
Pela correnteza.


Alguma coisa chamada ausência


Sua voz, soa...
Sussurra.
Sua lembrança
como um rio intermitente,
invade-me e me esvazia
num piscar de olhos.
Seu amor...
Um dilúvio no verão.
Ausência bondosa,
que de tão presente
chega a ser cruel,
real.

Pétala

Feliz daquele (poeta)

Que teve o prazer

De entrar no bosque ou mar, como queiram,

Das desilusões.

O verdadeiro poeta não

Escreve sobre o amor delirante que o norteia

Mas sobre a desilusão devastadora

Do que um dia foi um amor delirante.

O verdadeiro poeta não fala das rosas

Perfumadas do campo

Mas de suas pétalas caídas, levadas ao vento.

O verdadeiro poeta... bom

Deve está atrás de alguma pétala

Perdido,

Desfalecendo...

De fome...

Ou afogado,

Como queiram.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Entre em contato

Nome

E-mail *

Mensagem *